terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cinema Português?

O cinema português morre e definha dentro dele mesmo.
Não cativa espectadores, quando o faz fá-lo pela nudez ou pelo elenco, nunca pela história. Fazer um sucesso cinematográfico em Portugal mede-se pelo nº da copa, ou pela quantidade de carne que se mostra.
De um ponto de vista cinematográfico é pouco. Muito pouco.
Não nos interessa contar histórias, mas o estilo das mesmas. Ora, quando a história não existe, o estilo nihilista aniquila-se a si próprio.

Tudo isto para dizer que vou vendo algum cinema português.
Comecei, como todos nós, com (saboroso paradoxo) o cinema da ditadura. Pessoalmente, do melhor que se fez e fará pelo nosso burgo.
E depois? Depois disso há alguns fogos-fátuos. Uma ou outra surpresa, mas nada que se mantenha.

Vi alguns Oliveiras (uns muito bons, outros...). De Leonel Vieira gostei de A Bomba, gozo puro, filme fraco, mas humor em alta. O hype começado por Zona J não seria continuado.
Vi o Ossos de Pedro Costa e um pouco, mais tarde, de Casa de Lava. Não gosto. Demasiado contemplativo, pouco palavreado. A imagem vale mil palavras? Com Pedro Costa anseio por elas. Foi o único filme (Ossos) em que pedi a restituição do dinheiro, com uma empregada da caixa, boquiaberta, sem saber o que fazer.
A Jangada de Pedra, que não é bem português, mas pronto. Que começa bem e descamba a meio do filme.

Todos aqueles filmes que foram maiores ou menores sucessos de cinema: Mortinho por Chegar a Casa, Pesadelo Cor-de-Rosa, Adeus Pai, e tantos outros que o tempo levou. E ainda bem que o tempo vai fazendo a sua parte. Filmes com boas intenções ou somente com a intenção de fazer dinheiro. Filmes que marcaram um mês ou um ano, mas que se esfumaram. Destes que mencionei gostei de Adeus, Pai.

Lembro-me de Adão e Eva e os outros que os seguiram. Iguais, sem capacidade de melhorar o que se via, e a piorarem o que já tinha sido feito bem feito.

Claro que esqueço realizadores e actores, filmes e telefilmes. Podia falar de muitos. A memória pesa.

Gosto de dois realizadores. Um já desaparecido, o outro ainda entre nós,Luís Galvão Teles e José Álvaro Morais.

De Luís Galvão Teles destaco o Elas e Dot-Com.

De José Álvaro Morais destaco a filmografia, completa, lá em casa, numa caixa de dvds, guardada com apreço.

Podem ser um bom passo para falar de cinema português. Um e o outro tão diferentes e distantes, mas que me marcaram.

Conhecem algum filme destes dois?

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

De Olhos bem Fechados

A T. (link) prova dá cabo de alguns preconceitos.
A de que uma mulher bonita não pode ser inteligente.
Que a beleza, a inteligência e o humor não se fundem.
E de que um blog não precisa de ter muito texto para ser cativante, inteligente e, enfim, bom.
Um beijinho à T.

Claro que nem tudo são elogios. Eu que já perdi o gosto pelos Pearl Jam (que sei que ela adora) dispensava uma ou outra música.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Paternidades

Sorrio tristemente ao ver os pais com os filhos. Como são diferentes dos de ontem.
Hoje preocupam-se em agradar aos filhos, e não tanto em os educar. O filho diz "quero" e os pais não o criticam, nem sequer o corrigem. O puto faz duas ou três birras que resultam, e descobre a técnica. Os pais envergonham-se por dar um ou dois tabefes em público, e mesmo em casa.
A educação foi trocada pela satisfação, do filho bem entendido.
E quando eles crescem vemos uma turba de putos mimados, malcriados, sem noção de deferência ou respeito.
Enfim, o que esperar quando os pais não passam de crianças, sem noções de valor ou educação?
Nunca tivemos tantos livos de pediatras e psicólogos infantis e nunca fomos tão desgraçados.
Sorrio tristemente, ao ver pais com filhos.
Prefiro o Vila-Matas, e os seus Filhos sem Filhos.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Regresso ao Futuro?

Recordar é viver de Vitor Espadinha

Foi em setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio,
Nas mãos o calor de Agosto e um sorriso
Um sorriso tão grande que nunca tinha encontrado
Ouve, vamos ver o mar...
Foste o 30 de fevereiro de um ano que inventaram
Falámos, falámos coisas boas e acabámos, em silêncio,
Por unir as nossas bocas e eu aprendi a amar

Foi em setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio,
Nas mãos o calor de Agosto e um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar...

Foste o 30 de fevereiro de um ano que inventaram
Falámos, falámos coisas tão loucas e acabámos, em silêncio,
Por unir as nossas bocas e eu aprendi a amar

Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda história de amor
Que um dia me aconteceu e recordar é viver
Só tu e eu

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos um mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu que queria ser forte, respondi que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não me digas adeus, quem sabe talvez um dia...

Como eu tremia de inverno, amei como nunca amei
Fui louco? Não sei, talvez! Mas por pouco, muito pouco,
Eu voltaria a ser louco com o amor de ti e o tremer

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos um mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu que queria ser forte, disse-te que tinha frio
Falei-te do vento norte

Não, não me digas adeus, quem sabe talvez um dia...
Como eu tremia meu Deus, amei como nunca amei
Fui louco? Não sei, talvez! Mas por pouco, muito pouco,
Eu voltaria a ser louco amar-te-ia outra vez
Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda historia de amor
Que um dia me aconteceu e recordar é viver
Só tu e eu (3x)


Recursividade. Teimosia ou pura burrice?
Reparem que o Espadinha sabe que é triste viver de ilusões, mas ali está ele, com uma garrafa na mão, à lareira, convencendo-se a si mesmo que recordar é viver.
O tanas! Ele não está a viver, está a morrer. Com uma garrafa na mão e um maço quase vazio. Voltando atrás, relembrando o passado, trucidando uma música francesa, com uma letra foleira em português e recriminando-se.
Que belo retrato de nós mesmos...

Sou um cagarolas, é o que sou

Ana, concordo contigo.
Mas só uma senhora conseguiria chamar o Saramago de Besta, sem correr riscos. Mais ainda se for uma senhora a morar em Amsterdão. Eu ainda tenho medo da voracidade comunista:p

Nunca regressámos ao futuro

Há por aí uma trilogia cinematográfica com um título feliz, Regresso ao Futuro.
Como se fosse possível regressar a um sítio/tempo onde nunca estivemos. Esse passo pertence a pouco génios ou a muitos loucos.
Para nós portugueses já é difícil passar pelo presente, penoso, demasiado curvado com o peso do passado, quanto mais regressar ao futuro.
A ideia de que o presente já é passado, de que nada nos fica, porque demasiado rápido é falsa no nosso país mental.
Para nós tudo é passado, nunca futuro. Vivemos num presente alicerçado no que já foi, e nunca no que poderá ser.
As respostas de Sócrates no Parlamento (a semana passada) indicam-nos isso mesmo. Sócrates importa-se pouco com o que faz, ou com o que poderia fazer. Sócrates importa-se com o que os outros fizeram, e nesse aspecto diz que já está a fazer muito. E este é o cancro da democracia portuguesa. Governamos para provar que somos melhores que os que nos antecederam, e não para servir o presente, e o futuro.
Bruno Paixão, no jogo de Domingo entre Sporting e Porto. Mau, péssimo, ou simplesmente normal, usual, como de costume. Estamos habituados. Os árbitros portugueses são maus, ponto.
A Liga nada faz, não quer ou não pode. A Fifa descobre agora uma nova solução, mais dois árbitros. Como se 4 não fossem já suficientes. É preciso dar de comer a estes tipos! E o regresso ao futuro? A utilização de novas tecnologias, o uso de imagens (ao estilo do futebol americano)?
Nós portugueses preferimos chafurdar na informação passada, leram o currículo de Bruno Paixão nos jornais de ontem e hoje? Preferimos explicar o presente com base no passado, esquecendo o futuro, e nada fazendo para alterar o presente.
Regressar ao futuro foi a sina e a sorte de McFly, nós, moscas mortas voamos para trás. E ali nos ficamos.
O futuro é uma hipótese para uns, para nós ficção científica.
Preferimos a modorrinha, o fio condutor circular que liga o passado ao presente. E, admito-o, ficamos contente com tal facto.

Desapresentação

Parece que é de bom tom começar um blog com algumas palavras introdutórias.
Não tenho paciência para tais coisas. Para tal é preciso um programa, um objectivo. E este não está clarificado na minha mente. Quanto muito cristaliza-se no título do blog - Cinismo e Literatura.
Enfim... as tais linhas introdutórias ficam por aqui. Não tenho um familiar com quadros do antigo rei em casa, não farei distinções entre liberais e conservadores, não vos levarei para deambulações em Afife ou Moledo.
Ou se calhar sim, mas os meus paradigmas serão outros, as paisagens por onde passo e fico são diferentes, o canon mais recente.
Para desaprentação chega.